Já está quase pronto o Museu do Cesio
137. O local servirá para resgatar a história do acidente radioativo com o
césio-137, ocorrido em Goiânia, no ano de 1987. As secretarias de Ciência e
Tecnologia, da Saúde e a do Meio Ambiente de Goiás, em parceria com a Comissão
Nacional de Energia Nuclear (CNEN), deram início à construção do Museu do Césio-137 em 2009.
Projeto do Museu do Césio 137 |
A
obra vai custar R$ 1 milhão. No acordo, o governo de Goiás cedeu R$ 400 mil
para a construção e cedeu o terreno, localizado no mesmo local em que foi aberta
a cápsula do césio. A CNEN ficará responsável pela instalação de um medidor
permanente de radiação e pela execução da parte artística, somando recursos de
R$ 600 mil. O projeto é de autoria do artista plástico Siron Franco.
O acidente
O
acidente com o césio-137 aconteceu em Goiânia, em 13 de setembro de 1987. A
tragédia começou quando dois catadores de sucata invadiram um prédio abandonado
do Instituto Goiano de Radioterapia e levaram um equipamento para vendê-lo a um
ferro-velho.
A radiação ionizante não possuui cheiro e nem cor |
A
peça continha uma cápsula com o sal cloreto de césio, obtido com o isótopo 137
do césio, que emite radiação. A cápsula foi aberta e teve grande parte de seu
conteúdo espalhado. Por suas propriedades radioativas, este pó branco e sem
cheiro adquire tonalidade azul quando exposto em ambiente escuro. Admirados com
a luminosidade, os catadores manusearam o elemento despreocupadamente, levando
a contaminação pela cidade. Centenas de pessoas foram expostas à radiação,
havendo, inclusive, quem recebesse o equivalente a 4 mil radiografias de
pulmão.
Algumas
horas após o contato começaram a surgir os problemas, sem que, inicialmente, se
suspeitasse de sua origem. Somente após 16 dias, quando uma das vítimas levou o
aparelho para a sede da Coordenadoria de Vigilância Sanitária da Secretaria de
Saúde, é que a causa foi identificada e os sintomas, enfim, associados à
síndrome de radiação.
As queimaduras do césio 137 |
Médicos
e físicos brasileiros e estrangeiros dirigiram-se a Goiânia. Mais de 112 mil
habitantes passaram por monitoramento, e constatou-se que, destes, 249
apresentavam níveis de contaminação acima do normal. Vinte foram
hospitalizados, quatro faleceram após os primeiros dias, e até 2001, chegou-se
a 14 vítimas fatais. Aquelas que morreram imediatamente após o acidente tiveram
de ser envoltas em lençóis de chumbo e em urnas especiais.
O
acidente produziu 13,4 toneladas de lixo atômico, acondicionados em 14
contêineres especiais, que estão guardados no município de Abadia de Goiás. Uma
camada de sete metros de concreto cobriu o antigo ferro-velho, para evitar
possíveis vazamentos de radiação. Os imóveis na região sofreram desvalorização
extrema, moradores do local passaram a sofrer discriminação e muitas casas
comerciais fecharam as portas.
Por que a radiação emitida pelo césio é perigosa?
Terreno onde foi encontrada a cápsula de Césio 137 |
Na
tabela periódica o césio pertence ao Grupo 1, o dos Metais Alcalinos – Lítio,
Sódio, Potássio, Rubídio, Césio e Frâncio. O isótopo 137 é artificial, isto é,
produzido em laboratório. Ele emite radiações beta e gama, que nos seres
humanos causam alterações genéticas e provocam doenças que podem levar à morte.
A
cápsula de cloreto de césio que ocasionou o acidente em Goiânia fazia parte de
um equipamento hospitalar utilizado para irradiação em tumores, já que as
células cancerosas resistem menos à radiação que as normais.
A
meia-vida do césio-137, ou seja, o tempo necessário para que sua atividade
radioativa caia pela metade, é de 28 anos. Assim, a cada 28 anos a amostra se
reduz à metade. Para que ele não cause danos, deve ficar 280 anos confinado,
pois já terão passadas dez meias-vidas, ficando irrisória a quantidade de césio
e, portanto, a sua radiação.
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