A região atingida pelo fenômeno "El Niño" |
A anomalia climática, que espalha secas e
tempestades, já começou e deve se amplificar até 2016 – com força mais destruidora
do que a de 1997, seu ano mais dramático.
Chris Farley e o "El Niño" |
Histriônico, corpanzil à mostra, o humorista Chris
Farley, estrela do programa Saturday Night Live, criou um dos esquetes mais
falados de 1997, ano em que um fenômeno da natureza virou assunto de mesa de
bar. "Todas as tempestades tropicais devem curvar-se diante do El Niño.
Juro por Deus que o El Niño está vindo pegar vocês", esbravejava. O tempo
apagou a graça do personagem, mas o antigo sucesso, disponível no YouTube,
ajuda a entender o impacto de uma alteração climática, batizada por pescadores
do Peru e do Equador para lembrar o Menino (Niño) Jesus, em virtude de
correntes marítimas quentes e inesperadas que despontavam próximo ao Natal.
Consequência do aquecimento brusco das águas do Pacífico tropical, o El Niño é um evento comum. Ocorre em intervalos que variam de dois a sete anos. Em 1997, ele mostrou toda a sua força ao elevar a temperatura das águas do Pacífico em até 5 graus. O resultado foi uma montanha-russa na pressão atmosférica, com mudanças bruscas na intensidade e no rumo dos ventos. Houve secas onde era para chover e tempestades onde devia apenas chuviscar. O ano seguinte, 1998, filho do El Niño, foi o mais quente desde o início das modernas medições. Os Estados Unidos presenciaram o período mais chuvoso em 104 anos e o norte do Brasil sofreu com secas e incêndios florestais, no avesso das chuvas e enchentes do sul. Calcula-se que os efeitos globais do El Niño de 1997 tenham levado à morte 23 000 pessoas e deixado 45 bilhões de dólares de prejuízo. A notícia preocupante: tudo indica que, neste ano, terá início um El Niño que pode superar o de dezoito anos atrás, mesmo em suas consequências negativas.
Consequência do aquecimento brusco das águas do Pacífico tropical, o El Niño é um evento comum. Ocorre em intervalos que variam de dois a sete anos. Em 1997, ele mostrou toda a sua força ao elevar a temperatura das águas do Pacífico em até 5 graus. O resultado foi uma montanha-russa na pressão atmosférica, com mudanças bruscas na intensidade e no rumo dos ventos. Houve secas onde era para chover e tempestades onde devia apenas chuviscar. O ano seguinte, 1998, filho do El Niño, foi o mais quente desde o início das modernas medições. Os Estados Unidos presenciaram o período mais chuvoso em 104 anos e o norte do Brasil sofreu com secas e incêndios florestais, no avesso das chuvas e enchentes do sul. Calcula-se que os efeitos globais do El Niño de 1997 tenham levado à morte 23 000 pessoas e deixado 45 bilhões de dólares de prejuízo. A notícia preocupante: tudo indica que, neste ano, terá início um El Niño que pode superar o de dezoito anos atrás, mesmo em suas consequências negativas.
A costa americana sofreu com inundações entre 1997 e 1998 |
Um olhar cuidadoso sobre o clima ao longo deste ano e as previsões para 2016 demonstram que estamos na iminência de um El Niño crescido. Há similaridades evidentes entre 1997 e 2015. Além da alta possibilidade de a temperatura média do Oceano Pacífico novamente se elevar mais de 2 graus, nos dois casos a diferença apontada pelo SOI gira em torno de -15, o que evidencia uma disparidade radical entre a pressão atmosférica na Austrália e no Taiti. Por enquanto, não sentimos os efeitos mais drásticos deste El Niño, mas um comunicado da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (Noaa) alerta para o fato de que as piores consequências estão por vir. Há, segundo os especialistas, 85% de probabilidade de o fenômeno continuar ao menos até abril do ano que vem.
Brasil 2015: Altas temperaturas em pleno inverno |
O El Niño deve espalhar anomalias climáticas pelo planeta. O norte do Brasil,
por exemplo, pode ficar ainda mais seco, vetor para incêndios naturais em
florestas. O sul deve sofrer com tempestades e inundações. "O problema é
que não conseguimos prever tudo com total certeza. Um El Niño nunca é igual ao
antecessor", afirma a americana Michelle L'Heureux, meteorologista do
Centro de Previsões Climáticas do Noaa. Mas existem algumas pistas para indicar
a dimensão do fenômeno.
Fonte: revista Veja - 24.08.15 - planeta sustentável
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