As escadas rolantes tem sido motivo de preocupação nos estabelecimentos comerciais |
A repetição de acidentes envolvendo escadas rolantes
levou a Associação Brasileira de Engenheiros Mecânicos (Abemec/RS) a recomendar
a adoção de leis
específicas pelos municípios gaúchos.
O episódio mais recente ocorreu em Canoas,
com a morte de uma menina de três anos. Outros dois casos graves ocorreram na
Região Metropolitana desde o final de 2012.
Entre as propostas que os engenheiros devem
fazer às prefeituras está a de que sejam afixados avisos recomendando que
crianças e pessoas com problemas de mobilidade evitem usar escadas rolantes.
Especialista em transporte vertical, o presidente da Abemec/RS, Luciano Grando,
afirma que há falta de orientação sobre riscos:
Luciano Grando da ABEMEC |
— As pessoas não têm noção do quanto a
escada rolante é perigosa. Esse equipamento não é para acessibilidade, não é
para criança ou pessoa com dificuldade de locomoção. É um transporte de alto
tráfego, para gente com boa mobilidade. Não se divulga muito, mas o pessoal de
manutenção costuma encontrar nos equipamentos objetos como sapatos ou vestidos.
Embora não existam estatísticas no Brasil,
os profissionais da área afirmam que a maior parte dos acidentes envolve
crianças. No acidente do Canoas Shopping, Luisa Igarçaba Marques, três anos,
foi erguida pelo corrimão de borracha da escada e caiu do segundo para o
primeiro andar — uma altura de cinco metros. Ela foi carregada pelo corrimão
por cerca de um metro e meio, até despencar pelo lado do equipamento. Depois de
receber atendimento no Hospital de Canoas, foi transferida para o Hospital de
Pronto Socorro de Porto Alegre, onde morreu às 5h30min de sábado.
— Ela se desprendeu da gente e correu em
direção à escada rolante — desabafou a mãe, Lidiane Ferreira Igarçaba.
No dia 2 de abril deste ano, um menino de
quatro anos teve três dedos amputados depois de prender a mão em uma escada
rolante do Shopping Total, na Capital. Segundo a Abemec/RS, também houve um
caso em São Leopoldo, no final do ano passado.
Pais do menino acidentado no Shooping Total em Porto Alegre |
O engenheiro mecânico Luciano Grando esteve
no shopping. Segundo ele, a escada rolante é nova, com três ou quatro anos, e
não apresentou indícios de falha. A impressão dele é que, por instinto, a
criança agarrou-se ao corrimão quando percebeu que estava sendo erguida.
No Brasil, a responsabilidade pela
fiscalização das escadas rolantes é dos municípios, mas são raras as
prefeituras que realizam inspeções periódicas e dispõem de legislação
específica para o setor. Entre os bons exemplos estão Rio de Janeiro e São
Paulo.
A Abemec/RS vem discutindo essa lacuna, com
a ideia de apresentar um documento com recomendações às prefeituras gaúchas. Um
seminário para finalizar a proposta ocorre neste mês, em consequência dos
acidentes recentes.
Atualmente, na maior parte das cidades, a
instalação de uma escada rolante é apenas comunicada à prefeitura. A intenção
seria criar um processo mais rigoroso. O primeiro passo seria a elaboração de
um projeto de instalação, assinado por um profissional com habilitação
específica. Em caso de aprovação por um corpo técnico municipal, seria
concedido o alvará de instalação. Em um segundo momento, os técnicos
inspecionariam o equipamento para conceder o alvará de funcionamento.
Fiscais municipais poderão pedir adequação ou até mesmo substituição |
Uma das propostas é que os fiscais
municipais tenham poderes para exigir adequações e até mesmo a substituição de
uma escada rolante — o que seria importante porque há em funcionamento no
Estado muitas escadas antigas, que não contam com os dispositivos de segurança
mais avançados. A normas atuais, por exemplo, preveem que a fresta entre o
degrau e a estrutura lateral fixa tenha no máximo 6 milímetros, mas é comum
encontrar equipamentos com brecha de 1 centímetro.
SAIBA MAIS
Acidentes mais comuns:
FOLGAS ENTRE OS DEGRAUS
— Grande parte dos acidentes envolve ficar
com alguma parte da roupa ou do corpo na brechas existentes entre os degraus ou
entre um degrau e a parte fixa da escada rolante.
— O padrão atual é que a folga seja de no
máximo seis milímetros, mas em escadas mais antigas a distância chega a um
centímetro.
— Parte dos acidentes acontece devido a uma
queda, situação em que os dedos ficam presos.
RECOLHIMENTO DO DEGRAU
— Crianças que sentam na escada rolante
estão em risco no momento em que o degrau chega na parte mais baixa e é
recolhido. Em muitos casos, os testículos ficam presos no mecanismo.
CORRIMÃOS
— O risco associado é de queda. Foi o que
ocorreu em Canoas. Nesse tipo de acidente, a criança segura o corrimão e é
levantada por ele. Seu reflexo é o de agarrar-se, em lugar de soltá-lo, o que
provoca a queda.
Fontes: Jornal Zero
Hora – Ediçao 26 de junho 2013
www.g1.com
– acesso em 09.10.13
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