Na audiência da Comissão de
Trabalho, na última semana em Brasília, o governo reconheceu que não há pessoal
disponível para fiscalizar o cumprimento das leis. A falta de fiscalização por
parte do governo, a falta de técnicos especializados e a falta de
conscientização dos empregadores são os principais problemas para que a
legislação sobre a Segurança e Saúde do Trabalho seja cumprida no Brasil. Foi o
que apontaram os participantes de audiência pública na Comissão de Trabalho, de
Administração e Serviço Público.
Para
os técnicos, há omissão do governo em cobrar e em não fiscalizar. Marcos
Antônio Ribeiro, presidente do Sindicato dos Técnicos de Segurança do Trabalho
no estado de São Paulo, afirmou que a falta de fiscalização faz com que os
empresários não cumpram a legislação.
Ribeiro: "Temos legislação! Falta cumprir!" |
"Somente
com a fiscalização é que o empresário vai cumprir a legislação", afirma
Ribeiro. "Legislação nós temos de monte, a legislação nossa é ótima,
excelente. Só que não é cumprida, não temos condição de cumprir. Se fosse
cumprida à risca seria o País mais correto."
Sem pessoal para fiscalizar
Já a presidente da Fundacentro, Maria Amélia Reis, reconhece
que o governo não dispõe de pessoal suficiente para fazer uma fiscalização
adequada. A Fundacentro é uma entidade governamental de pesquisa científica e
tecnológica relacionada à Segurança e Saúde dos trabalhadores e é ligada ao
Ministério do Trabalho.
Maria
Amélia Reis informou que na Fundacentro 46% do quadro de pessoal está se
aposentando e não há oferta de profissionais de Segurança no Trabalho para
serem absorvidos pela instituição.
"Não
temos jovens em formação. Agora conseguimos ter um curso de mestrado em SST
(Segurança e Saúde no Trabalho): é o único do País. Mas precisamos de mais
cursos, que a Fundacentro pretende estar colocando brevemente", diz Maria
Amélia.
Criação de frente parlamentar
Como forma de melhorar as condições de trabalho no Brasil, o
deputado Vicentinho (PT-SP) idealizou a Frente Parlamentar em Defesa da
Segurança e Saúde no Trabalho.
Deputado Vicentinho: "Até parece que uma morte numa construção é normal!" |
Ele
explicou que é preciso realizar um trabalho junto aos deputados, inclusive os
que representam os empresários, para mudar a cultura em relação à prevenção de
acidentes e à saúde do trabalhador.
"Até
parece que uma morte em uma fábrica ou numa construção é uma coisa normal, mas
não é. A consequência é drástica para a família e para o Estado brasileiro, e
as empresas também têm muita responsabilidade sobre isso, não podem exigir
produção sem colocar qualidade", destaca o parlamentar.
A
Frente Parlamentar em Defesa da Segurança e Saúde no Trabalho já reuniu 220
assinaturas e deve ser instalada no início do próximo semestre.
Fonte: Revista Proteção - Edição Julho 2013
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