Desmatamento em 2013 superou número de anos anteriores |
O
Ministério do Meio Ambiente deve anunciar nos próximos dias que o desmatamento
voltou a avançar fortemente na Amazônia no mês de maio. O site do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que traz os dados do sistema Deter
mostra que a perda da floresta foi de 464,96 km² no mês, contra 98,85 km² em
maio do ano passado, um aumento de quase cinco vezes.
No
acumulado desde agosto do ano passado, mês em que se inicia o calendário de
cálculo anual de desmatamento, foram perdidos 2337,79 km², contra 1729,89 km²
no período de agosto de 2011 a maio de 2012. O levantamento mensal do Deter
funciona como um sistema de alerta para a fiscalização e capta somente
desmatamentos superiores a 25 hectares
O DETER é um sistema de alerta para desmatamentos |
É um
revés em um movimento que vem ocorrendo nos últimos anos de queda contínua da
taxa de desmatamento – a principal política ambiental do governo federal.
Os dados fechados do ano anterior, por exemplo, mostraram que o desmatamento de
agosto de 2011 a julho de 2012 foi o menor da história do monitoramento – caiu
29% em relação ao período anterior, chegando a 4.571 km².
Tradicionalmente,
é nos meses de seca, normalmente a partir de abril, que a motosserra canta mais
alto. Mas nos últimos tempos os desmatadores têm mudado a tática e derrubado a
mata mesmo no período de chuva. Apesar de mais complicado logisticamente, eles
têm a vantagem de ficar “protegidos” pelas nuvens, que dificultam a
visualização do monitoramento por satélite que faz os alertas, e pelas chuvas,
que atrasam a chegada de Ibama e polícia ambiental.
Veríssimo: "O Governo vai ter de mudar a estratégia de fiscalização |
Portanto,
os dados agora de maio podem ser um pouco mais inflados porque estão deixando à
mostra o que aconteceu na região na época da chuva. Mas refletem um alerta que
ambientalistas vêm fazendo há algum tempo: de que, apesar dos ganhos obtidos
nos últimos anos, o desmatamento não está contido.
Em
meados do mês passado, o instituto de pesquisa Imazon, sediado em Belém, e que
faz um monitoramento paralelo da perda florestal na Amazônia, também tinha
mostrado essa tendência. Na ocasião, Adalberto Veríssimo, pesquisador
sênior da ONG, comentou que o maior gargalo no momento é o chamado
desmatamento especulativo, principalmente nas regiões do oeste do Pará e
sudeste do Amazonas.
“É gente
que derruba com a expectativa de que uma hora vai conseguir regularizar a terra
e vendê-la”, diz. “Praticamente, não se vê mais o desmate de quem está na
cadeia produtiva e quer aumentar sua área para plantar ou pôr gado. Nesses
casos, os mecanismos de comando e controle do governo têm funcionado. Mas o
governo vai ter de mudar a estratégia, talvez deixar claro que essas áreas
desmatadas para especulação não vão nunca ser regularizadas. Aí cria um
prejuízo e pode ser que a prática estanque”, disse ele no mês passado.
Ele
alertou também que se esse ritmo se mantiver nos meses de junho e julho,
tradicionalmente os de maior avanço do corte raso, por ser período de seca, o
desmatamento total pode passar de 6 mil km². Segundo ele, esses dois meses
costumam representar 30% do total.
Fonte: Jornal O Estado de São Paulo - 05.07.2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário