Não há como negar que a NR 12 representa um grande avanço
para a Segurança do Trabalho. Ela é o resultado de anos de dedicação de
profissionais dos mais variados segmentos, consensada pelos representantes
patronais e dos trabalhadores sob a gestão e mediação do Ministério do
Trabalho que construiu o texto básico e depois o disponibilizou para a
análise do Grupo de Trabalho Tripartite.
Desde
a sua publicação em dezembro de 2010 vem gerando muitas dúvidas sobre sua
aplicação nas indústrias de setores diversos. Parte dos profissionais ainda
acredita que a norma seja exagerada e desnecessária para este tipo de
segmento, enquanto outra parte acredita que as vantagens serão maiores e que o
investimento em segurança trará diferenciais importantes às empresas. Faço
parte do segundo time, pois não podemos mais conviver com a possibilidade de
acidentes graves no ambiente de trabalho. É inaceitável atuar em condições de
risco diante da quantidade de soluções de segurança disponíveis atualmente no mercado
de automação e segurança de máquinas.
Há
quatro itens que dificultam muito a implantação da NR 12 e que precisam ser
superados: necessidade de investimento; necessidade de tempo e máquina parada;
qualificação dos profissionais e disponibilidade de dispositivos ou
sistemas de segurança.
Os acidentes com máquinas inutilizam muitos trabalhadores |
Durante
mais de uma década construímos máquinas com conceitos rudimentares de
segurança. Além disto, a estrutura de automação da maioria das nossas
máquinas é obsoleta e desatualizada. Mesmo os equipamentos novos ainda trazem
construções antigas, com tecnologias do século passado, que dificultam e, às
vezes, impedem que sejam adotados sistemas de segurança modernos.
Frequentemente enxerga-se a segurança como inimiga da produtividade, e isto se
deve, à falta de capacidade dos profissionais de justificar a necessidade de
investimentos maiores e de recursos tecnológicos de ponta, como existem em
alguns lugares do mundo.
No
Brasil aceitamos que os processos só funcionem como foram projetados e admitimos
que operários se exponham a condições inseguras de trabalho para
"ajudar" a máquina a produzir. Mesmo que ela não cumpra a função para
a qual foi construída, é muito comum durante o processo de avaliação de risco,
conhecer situações de operação e ajustes que a Engenharia de Processo jamais
sonhou que aconteceria durante as rotinas normais de produção. Ou seja, nos
acostumamos a conviver com situações de risco graves acreditando que aquilo é
uma atividade normal e rotineira.
MUDANÇA
Dimensionamos
o preço dos nossos produtos baseados em custos de operação sem segurança e
agora precisamos incluir alguns milhares de Reais para corrigir o processo
produtivo que, em muitos casos, está errado. Isto pode implicar em repensar
todo o conceito de automação da máquina viabilizando, assim, a implantação dos
requisitos mínimos de segurança preconizados na normativa brasileira.
É necessário que as empresas repensem seus processos com mais requisitos de segurança |
O
prazo de atendimento aos itens da NR 12 já era curto quando foi estipulado na
Portaria 197 de dezembro de 2010, mas, como de costume ficamos "empurrando
com a barriga". Agora, a menos de três meses de finalizar os
últimos prazos, queremos planejar e executar que deveria ter sido realizado em
dois anos.
CULTURA
Ainda estamos aquém de uma cultura relacionada com a prevenção em termos de segurança de máquinas |
Outro
fator ligado ao tempo é que precisamos recuperar uma década de ausência de
modernizações e atualizações tecnológicas de equipamentos, além da mudança nos
paradigmas de condutas de segurança. Como "bons brasileiros" não
desistimos nunca e, por consequência, produzimos a qualquer custo. Este modus operandi arraigado
à cultura local, levou nossos operadores e nossa manutenção, a terem
comportamentos incompatíveis com ambientes seguros. Essa é a grande diferença
que se percebe nos países em que a industrialização aconteceu primeiro, como
na Alemanha, Itália e nos Estados Unidos.
Precisamos
mudar nossa cultura e temos pouco tempo para conscientizar o segmento de
produção de que algumas das atividades realizadas anteriormente não poderão mais
ser efetuadas desta forma, e sim seguindo condutas seguras.
Aliado a este fato temos que produzir modificações em tempo recorde e sem parar as máquinas. Ora, mas como vou realizar modificações substanciais sem parar o equipamento? As empresas foram concebidas para produzir. Máquinas paradas representam prejuízos. Como vou ter o investimento necessário para adequar a máquina se não produzo para gerar riquezas? Esta é uma das grandes questões a ser respondida e o maior gerador de divergências entre a produção e o gestor de implantação da NR 12.
FONTE: Revista Proteção – Edição 6/2013
AUTOR: Leonardo Andrade do Nascimento
AUTOR: Leonardo Andrade do Nascimento
Nenhum comentário:
Postar um comentário