O bambu é considerado matéria prima do futuro |
O laboratório Future Cities (http://www.futurecities.ethz.ch/), com um de seus
centros de estudos em Cingapura, está pesquisando a substituição da armação
metálica no concreto armado por tramas de bambu, a serem utilizadas em lajes,
vigas e pilares. O Future Cities Cingapura é um braço de pesquisas do
suíço Eidgenössische Technische Hochschule (ETH), núcleo mundial de
conhecimento na área de sustentabilidade e meio ambiente.
Estrutura de concreto com o uso do bambu |
A vantagem é que, considerada a tradição do uso do bambu em sociedades
orientais, esta troca permite inserir um material típico local, vastamente
cultivado e renovável, em sistemas construtivos baseados no concreto
armado. Esta possibilidade motivou o professor de arquitetura e construção
do Future Cities, Dirk Hebel, que investiga um composto fibroso a partir do
bambu. Se os testes produzirem resultados positivos, muitos países em
desenvolvimento terão seus planos de urbanização executados a custos bastante
reduzidos. Hebel conta que outros testes realizados com o bambu ao longo
do século XX não foram animadores quanto à sua combinação com o concreto. Em
contato com a mistura, e em seu estado natural, fibras tendiam a absorver água,
sofrendo ciclos de dilatação e contração que apontavam para instabilidade
estrutural.
Professor Dirk Hebel |
O material orgânico, por outro lado, sempre se revelou suscetível ao ataque de
fungos – e todos esses processos geravam fissuramentos indesejados ao
sistema. A diferença agora é que novos testes usam composto de bambu processado
à compressão, com adição de material adesivo - o que o torna resistente a
tensões estruturais e, portanto, mais durável.
A técnica ata trechos de fibras em feixes, em três pontos (nas pontas e pelo
meio). O bambu utilizado é o chinês, de plantas de pelo menos cinco anos de
idade, e o material utilizado para fazer a junção das fibras é uma resina à
base d’água (baixa concentração de compostos orgânicos voláteis).
Plantas são previamente carbonizadas a fim de minimizar suas concentrações de
água e de açúcares. Depois de misturadas ao adesivo, os cordões de fibra são
pressionados numa fôrma, para que atinjam espessura e forma desejadas. Os
testes têm sido realizados com moldagem por compressão, a quente e a
frio. “A ideia nos testes é usar a mistura de concreto comum - e não um
traço especial, nem colocar aditivos à mistura que possibilitem ao bambu se
adaptar ao sistema, para resistir à função estrutural”, conta Hebel.
Sede do laboratório em Cingapura |
O composto tem aproximadamente 80% de fibras naturais de bambu, e 20% de
material adesivo – atingindo densidade de pouco mais de 1,3 g/cm3 – três vezes
maior que a do bambu em seu estado natural. Além disso, o produto é resistente
a umidades, não incha, e porque pode ser prensado para qualquer formato, poderá
produzir um concreto armado livre de fissuramentos.
Hebel revela, no entanto, que inicialmente a solução só pode ser pensada para
pequenas estruturas: “Testamos espécies de bambu das mais comuns, dentre as
encontradas nas áreas tropicais do globo. A ideia é inclusive misturar fibras
de diferentes espécies, para que a armação atinja níveis ótimos de resistência
a tensões estruturais.” O professor explica que o bambu natural é um material
muito resistente à força dos ventos, pelo fato de ter haste delgada e oca.
“Diferente de uma árvore, ele acompanha a intensidade dos ventos com muita
flexibilidade, curvando-se sem quebrar – em outras palavras, tem grande
resistência natural a tensões, superior, inclusive, à da madeira ou do aço.”
O próximo desafio é controlar as propriedades do novo composto, suas respostas
à variação térmica e resistência ao fogo, para que o sistema possa ser
recepcionado pelo mercado da construção civil, a partir de parâmetros
internacionais de segurança e durabilidade. A previsão do Future Cities é
que os primeiros pilotos sejam lançados em dois anos. Até lá, o composto de
fibras de bambu será investigado em sua interação com outros materiais, além do
concreto.
Fonte: www.mapadaobra.com.br
QUEM É O TÉCNICO EM EDIFICAÇÕES?
O Técnico em Edificações, sob supervisão de engenheiros ou arquitetos é o profissional responsável pela condução da execução técnica de trabalhos de edificação, prestando assistência no estudo e desenvolvimento de projetos, pesquisas e instalações, orientando e coordenando serviços de instalação, manutenção e restauração, fornecendo assistência técnica na compra, venda e utilização de produtos especializados. É capaz de desenvolver estudos preliminares de projetos de edificações, desenhar e interpretar projetos civis, aplicando as normas técnicas e regulamentos de construção e de instalações vigentes, instalar e gerenciar canteiros de obras, elaborar e desenvolver projetos dentro dos limites estabelecidos pelos conselhos regionais e organizar o processo de licenciamento de obras.
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