A epidemia vem da África e se espalha pelo mundo |
Às vésperas de fazer mil
mortos e com a OMS (Organização Mundial da Saúde) conclamando um alerta global,
o maior risco que o Ebola oferece agora é o de ampliar aquilo que já é uma
tragédia humanitária de saúde na África subsaariana. Mais uma, como se não
bastassem Aids, Malária, Tuberculose e qualquer doença que prospera em terras
sem acesso à saúde básica.
ISOLAMENTO
Enquanto muita gente no mundo desenvolvido
acha que o Ebola tornou a África Ocidental um câncer que deve ser isolado do
resto do planeta, pouca gente se dá conta de que, na verdade, aqueles países já
estão economicamente isolados há muito tempo. E isso é algo que está
colaborando para a doença se disseminar, e não para detê-la.
Uma doença altamente letal e de pouco controle |
Uma das coisas mais importantes a se fazer
agora é rastrear o caminho feito pelo vírus para identificar quem entrou em
contato com cada um dos doentes. Isso tem esbarrado, por exemplo, em barreiras
sociais, como a desconfiança que povoados em Serra Leoa, Guiné e Libéria têm em
relação a missionários estrangeiros.
Lá, comunidades que normalmente não têm
nenhum tipo de assistência a saúde, começaram de repente a receber equipes de
médicos estrangeiros. Só que ali, onde o pânico realmente se justifica, ninguém
quer falar com ninguém. Grupos locais desconfiam desse súbito interesse dos
países ricos com a saúde dos africanos, talvez com algum fundo de razão. Às
vezes, em vez de ajudar os médicos, eles barram sua passagem.
Teria a história sido diferente se essas
pessoas tivessem acesso regular a cuidados básicos de saúde? Sem saber se os
estrangeiros chegaram a esses vilarejos antes ou depois dos vírus, não me
parece tão incrível que pessoas sem acesso a informação desconfiem que são os
médicos que espalham o Ebola. Na África ocidental, um lugar mais densamente
povoado e com mais infraestrutura do que a área de epidemias passadas, os
boatos correm rápido. E eles
sempre correm mais rápido que as informações corretas.
Os cuidados básicos de saúde poderiam reduzir a epidemia? |
NEGLIGÊNCIA
O Ebola raramente é citado nas listas de
“doenças negligenciadas”, mas é isso que ele é. Ele causa uma febre hemorrágica
aguda, com surtos esporádicos, que afeta apenas uma região extremamente pobre
do globo. Não importa que o vírus seja letal. Qual laboratório farmacêutico
teria interesse em desenvolver uma droga para tratar uma doença nessas
condições, sem nenhuma perspectiva de grande lucro?
O Zmapp parece ser realmente uma boa
notícia (a ver; dois casos positivos não são ainda suficientes para provar a
eficácia da droga). Mas até a semana retrasada, esse tratamento ainda era uma
iniciativa modesta tocada por uma start-up obscura. Ele e outras drogas
experimentais vêm se mostrando promissores desde 2009, então por que não havia
ainda planos sérios para um teste clínico?
Os laboratórios resistem a desenvolver medicamentos para doenças com pouca lucratividade |
Com relação aos reservatórios da doença,
desde 2005 já existem evidências fortes de que são os morcegos. Por que as
pesquisas são tão poucas? Por que não existe ainda um sistema de vigilância
para esses animais, como aqueles que monitoram a gripe aviária em pássaros
migratórios?
A resposta para isso tudo é quase
evidente: porque o lar do Ebola é a África, e o palco da catástrofe é distante
de nações desenvolvidas, ainda que a OMS tenha subido o tom de alerta. Na
África, as mortes por malária superam os 520 mil: mais de uma criança morre a
cada minuto em razão da doença. A prevalência do HIV em muitos países ali
supera os 10% da população, e muitos soropositivos têm tuberculose, com uma
taxa anual de 250 novas infecções por 100 mil/ano.
Donald Trump não precisa se preocupar:
essa tragédia humanitária não vai ser exportada para os EUA. Nem o Ebola. A
catástrofe que estamos vendo, ao que parece, continuará sendo uma catástrofe do
continente africano, e seu espalhamento epidêmico tem muito a ver com as
condições de vida ali.
Fonte: Folha de São Paulo – edição 11.08.14
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