quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O PROBLEMA DOS AGROTÓXICOS



O uso de agrotóxicos nas plantações é comum no Brasil
Pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) revela que ainda é alta a presença de resíduos de agrotóxicos em muitos alimentos presentes na mesa dos brasileiros. Cerca de 36% das amostras de alimentos de 2011 e 29% das amostras de 2012 apresentaram resultados insatisfatórios nessa questão, de acordo com o relatório de atividades do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA).

No ano passado, por exemplo, 59% das amostras de morango foram consideradas insatisfatórias. Nesse cálculo, pesam quesitos como a presença de agrotóxico não autorizado para o alimento analisado; uso de agrotóxico autorizado, mas acima do Limite Máximo de Resíduo (LMR); e a detecção, conjunta, de agrotóxico não autorizado e autorizado, mas acima do limite permitido. Das amostras de pepino, no ano passado, 42% foram consideradas insatisfatórias pela Anvisa. Para o abacaxi, o índice foi de 41%. Nas amostras de cenoura, 33% foram classificadas como insatisfatórias no ano passado.

Das amostras insatisfatórias, cerca de 30% se referem à agrotóxicos que estão sendo reavaliados pela Anvisa. Mas uma surpresa foi a presença de pelo menos dois agrotóxicos que nunca foram registrados no Brasil: o azaconazol e o tebufempirade. Eles foram encontrados em amostras de uva. Segundo a Anvisa, isso sugere que os produtos podem ter entrado no Brasil por contrabando.
Índices de agrotóxicos nos alimentos mais comuns

"Outro resultado de destaque foi a detecção de aldicarbe em uma amostra de arroz. Trata-se do ingrediente ativo de maior toxicidade aguda dentre todos os agrotóxicos de uso agrícola, sendo também o mais empregado, indevidamente, como raticida ilegal, sob a denominação popular de ''chumbinho''. Sua reavaliação toxicológica foi efetuada em 2006, e em decorrência deste processo, diversas medidas restritivas foram recomendadas pela Anvisa e implementadas pelo fabricante do único produto formulado até então registrado no País, que desenvolveu um programa de controle específico para este produto", cita o estudo, referente a dados de 2011.

Na elaboração da pesquisa foram analisadas 3.293 amostras de alface, arroz, cenoura, feijão, mamão, pepino, pimentão, tomate e uva. A íntegra do estudo está disponível para consulta na internet, no site da Anvisa. Em 2012, 36% das amostras puderam ser rastreadas até o produtor e 50% até o distribuidor do alimento. A Anvisa explica que a escolha dos alimentos considerou dados de consumo obtidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) relativos à disponibilidade desses alimentos nos supermercados das diferentes unidades da federação e no perfil de uso de agrotóxicos.

Dirceu Barbano - Diretor Presidente da Anvisa
Em nota, o diretor presidente da agência, Dirceu Barbano, afirma que "a Anvisa tem se esforçado para eliminar ou diminuir os riscos no consumo de alimentos, isto se aplica também aos vegetais. Por esta razão a agência monitora os índices de agrotóxicos presentes nas culturas. Nós precisamos ampliar a capacidade do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária de monitorar o risco tanto para o consumidor como para o produtor para preservar a saúde da população". A Anvisa coordena o PARA em conjunto com órgãos de vigilância sanitária estaduais e municipais, que realizam os procedimentos de coleta dos alimentos nos supermercados e de envio aos laboratórios para análise.

AGROTÓXICO MATA ABELHAS

Agrotóxicos usados para combater pragas em lavouras de soja, café e feijão causaram a morte de pelo menos 4 milhões de abelhas em Gavião Peixoto, na região central do Estado de São Paulo. É o que apontam laudos dos exames feitos em laboratório a pedido do Departamento de Agricultura e Meio Ambiente do município, divulgados nesta terça-feira (18).

A mortandade vem ocorrendo desde 2012, mas se intensificou em dezembro do ano passado. O município é grande produtor de mel e chega a colher dez toneladas por ano.
 
Os agrotóxicos também tem vitimado as abelhas
Os laudos apontaram a presença de glifosato, componente dos principais agrotóxicos comerciais, no organismo das abelhas. Os produtos com esse princípio ativo são usados para controle de ervas daninhas e no manejo das lavouras. Também foi encontrado o clorpirifós, um inseticida largamente usado para o controle de pragas em lavouras de grãos, cana-de-açúcar, laranja e café.

De acordo com pesquisadores, a ação conjunta dos dois agroquímicos pode ter potencializado a toxicidade para as abelhas.

Alguns produtores perderam mais de uma centena de colmeias. O uso dos produtos químicos nas lavouras é liberado pelo Ministério da Agricultura, mas com controle na aplicação.

O Departamento Municipal de Agricultura e Meio Ambiente, com o apoio do Departamento de Biologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro, busca alternativas para manter as abelhas longe do veneno usado nas plantações. Uma delas é desenvolver a apicultura migratória, levando as abelhas para áreas de mata preservada. Também está sendo proposta a criação de um comitê para acompanhar o uso de defensivos nas lavouras.

Fonte: O Estado de São Paulo – 18.02.14


Nenhum comentário:

Postar um comentário