quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

FRENTISTA: PROFISSÃO PERIGO


O Frentista está exposto a vários riscos

Ser frentista pode ser prejudicial à saúde. Duas pesquisas mostram que esses profissionais correm riscos porque ficam expostos aos solventes da gasolina (benzeno, tolueno e xileno), que evaporam durante o abastecimento e são absorvidos através da pele e respiração.

A exposição frequente a solventes da gasolina podem provocar danos neurológicos em frentistas de postos de combustível. É o que mostra uma pesquisa do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) com 25 trabalhadores da capital. Foram feitos testes visuais para identificar alterações em grupos de células do cérebro. O pesquisador Thiago Leiros Costa destaca que houve alterações significativas em todas as tarefas sugeridas. Ele descobriu que frentistas podem ter a visão prejudicada, com dificuldade para distinguir cores e contrastes. Suspeita-se de dano ao córtex visual do cérebro. “Houve também correlação do tamanho do prejuízo nos testes com o tempo de trabalho. Quanto mais tempo de trabalho, piores os resultados”, diz Costa.

Diagrama dos Perigos do Benzeno
Outro estudo reforça o alerta. Em 2012, fonoaudiólogas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) encontraram problemas na audição dos trabalhadores. Detectaram alterações em altas frequências e no reflexo muscular que protege o ouvido interno de ruídos altos.

“O frentista há anos vem sendo exposto sem a devida proteção”, afirma Lázaro Ribeiro de Souza, secretário de Saúde e Previdência Social do Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Combustíveis da Bahia. Para ele, em breve, será obrigatório o uso de máscaras e luvas nos postos de gasolina.

“Usamos a visão para entender se o cérebro tinha sido alterado pela exposição ao solvente. E vimos que a atividade cerebral pode ser afetada de maneira maléfica”, disse Costa. Os testes mediram a discriminação de cores, sensibilidade ao contraste e sensibilidade em diferentes pontos do campo visual. “Na maioria dos testes, o participante tinha que discriminar o estímulo, de um fundo. O estímulo ia se misturando com o fundo até um ponto em que o participante não consegue mais diferenciar. Conseguimos entender como está a sensibilidade para esse tipo de estímulo”, explicou.

Os voluntários passaram por exames oftalmológicos que descartaram qualquer alteração estrutural na córnea, no cristalino ou no fundo do olho. Mesmo assim, eles tiveram um desempenho inferior na comparação com o grupo controle. Em quatro frentistas, a perda de sensibilidade para cores foi tão significativa que foi necessário fazer um exame genético para descartar a possibilidade de daltonismo congênito.


“Não é uma alteração na lente do olho. É uma alteração do nível cerebral, seja na retina ou em outras áreas. O fato de a gente ter encontrado alteração em todos os testes, que mediam atividades em diferentes grupos de células do cérebro, podemos dizer que é uma perda difusa e que provavelmente não se limita exclusivamente ao sistema visual”, declarou o pesquisador.

Thiago Costa destaca que, quanto maior o tempo de exposição aos solventes, maiores são os danos neurológicos. “O tipo de perda que encontramos progrediu com o tempo”, apontou. De acordo com ele, os principais meios de contato dos trabalhadores com os químicos são as vias aéreas. “Mas também é possível que haja certo nível de intoxicação pelo contato com a pele e das mucosas”, acrescentou.

Embora os resultados da pesquisa sirvam de alerta para os riscos da profissão de frentista, o pesquisador esclarece que seria necessário ampliar os estudos no campo da medicina do trabalho para definir se equipamentos de segurança seriam eficazes na proteção aos trabalhadores.

Fontes:
Revista Galileu – edição Jan 2014
     

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