O Frentista está exposto a vários riscos |
Ser frentista pode
ser prejudicial à saúde. Duas pesquisas mostram que esses profissionais correm
riscos porque ficam expostos aos solventes da gasolina (benzeno, tolueno e
xileno), que evaporam durante o abastecimento e são absorvidos através da pele
e respiração.
A exposição
frequente a solventes da gasolina podem provocar danos neurológicos em
frentistas de postos de combustível. É o que mostra uma pesquisa do Instituto
de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) com 25 trabalhadores da
capital. Foram feitos testes visuais para identificar alterações em grupos de
células do cérebro. O pesquisador Thiago Leiros Costa destaca que houve
alterações significativas em todas as tarefas sugeridas. Ele descobriu que
frentistas podem ter a visão prejudicada, com dificuldade para distinguir cores
e contrastes. Suspeita-se de dano ao córtex visual do cérebro. “Houve também
correlação do tamanho do prejuízo nos testes com o tempo de trabalho. Quanto
mais tempo de trabalho, piores os resultados”, diz Costa.
Diagrama dos Perigos do Benzeno |
Outro estudo
reforça o alerta. Em 2012, fonoaudiólogas da Universidade Federal de Santa
Maria (UFSM) encontraram problemas na audição dos trabalhadores. Detectaram
alterações em altas frequências e no reflexo muscular que protege o ouvido
interno de ruídos altos.
“O
frentista há anos vem sendo exposto sem a devida proteção”, afirma Lázaro
Ribeiro de Souza, secretário de Saúde e Previdência Social do Sindicato dos
Trabalhadores em Postos de Combustíveis da Bahia. Para ele, em breve, será
obrigatório o uso de máscaras e luvas nos postos de gasolina.
“Usamos a visão para
entender se o cérebro tinha sido alterado pela exposição ao solvente. E vimos
que a atividade cerebral pode ser afetada de maneira maléfica”, disse Costa. Os
testes mediram a discriminação de cores, sensibilidade ao contraste e
sensibilidade em diferentes pontos do campo visual. “Na maioria dos testes, o
participante tinha que discriminar o estímulo, de um fundo. O estímulo ia se
misturando com o fundo até um ponto em que o participante não consegue mais
diferenciar. Conseguimos entender como está a sensibilidade para esse tipo de
estímulo”, explicou.
Os
voluntários passaram por exames oftalmológicos que descartaram qualquer
alteração estrutural na córnea, no cristalino ou no fundo do olho. Mesmo assim,
eles tiveram um desempenho inferior na comparação com o grupo controle. Em quatro
frentistas, a perda de sensibilidade para cores foi tão significativa que foi
necessário fazer um exame genético para descartar a possibilidade de daltonismo
congênito.
“Não é uma
alteração na lente do olho. É uma alteração do nível cerebral, seja na retina
ou em outras áreas. O fato de a gente ter encontrado alteração em todos os
testes, que mediam atividades em diferentes grupos de células do cérebro,
podemos dizer que é uma perda difusa e que provavelmente não se limita
exclusivamente ao sistema visual”, declarou o pesquisador.
Thiago
Costa destaca que, quanto maior o tempo de exposição aos solventes, maiores são
os danos neurológicos. “O tipo de perda que encontramos progrediu com o tempo”,
apontou. De acordo com ele, os principais meios de contato dos trabalhadores
com os químicos são as vias aéreas. “Mas também é possível que haja certo nível
de intoxicação pelo contato com a pele e das mucosas”, acrescentou.
Embora os
resultados da pesquisa sirvam de alerta para os riscos da profissão de frentista,
o pesquisador esclarece que seria necessário ampliar os estudos no campo da
medicina do trabalho para definir se equipamentos de segurança seriam eficazes
na proteção aos trabalhadores.
Fontes:
www.saudeig.com.br
23.12.13
Revista Galileu – edição Jan 2014
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