"Erramos. Não
soubemos fazer o diagnóstico da situação. A população ficou contra a
gente". Ouvi a
frase acima de um médico após debate sobre mercado de trabalho médico,
promovido na noite de ontem pelo núcleo da GVSaúde, da Fundação Getúlio Vargas.
A imagem dos médicos cubanos vaiados na chegada ao Brasil foi publicada em jornais do mundo todo |
Antes disso, outros médicos, inclusive um dos palestrantes, Miguel Srougi, professor titular de urologia da USP, já havia manifestado sua insatisfação sobre a maneira como as entidades médicas conduziram o debate sobre o programa Mais Médicos até agora.
Ele lembrou que foi perdido tempo demais na defesa de que o país não precisava de mais médicos ou de mais escolas médicas, quando agora existe uma unanimidade de que não só o Brasil como o resto do mundo vive uma escassez de médicos.
Outros médicos avaliaram como "um grande equívoco" os protestos contra os cubanos, considerada a cereja do bolo da antipatia médica perante a população.
Médicos Paulo Saldiva e Dráuzio Varela não concordaram com a reação da classe médica brasileira |
Drauzio Varella, na sua coluna do último sábado, também já tinha ido na mesma linha: "O que ganhamos com essas reações equivocadas? A antipatia da população e a acusação de defendermos interesses corporativistas."
Após iniciarem o atendimento dos pacientes, médicos estrangeiros estão sendo muito bem aceitos em suas cidades |
O número de entrevistados que disse ser contra o programa caiu de 47,4% em julho para 23,8% em setembro.
Talvez os médicos tirem uma lição disso tudo: a necessidade de se colocarem na pele de quem vive nos rincões sem assistência médica. Essa população não quer saber se a União está se esquivando de investir os 10% em saúde ou de que os estrangeiros teriam que passar por exames de revalidação do diploma antes de começarem a atuar no país. Ela só quer um médico por perto.
Essa resposta imediata as entidades médicas não deram. O governo federal, com mais erros do que acertos, deu.
Que a medida do governo Dilma é eleitoreira, tomada às pressas como resposta às manifestações das ruas, ninguém duvida disso. Tampouco há dúvidas sobre a insustentabilidade do programa a médio e longo prazo.
Mesmo considerado eleitoreiro pelos partidos de oposição, o programa Mais Médicos já é considerado um sucesso pelo governo |
Mas o ministro Alexandre Padilha, apontado pelo ex-presidente Lula como candidato ao governo de São Paulo nas eleições do próximo ano, não se lembra disso quando busca nesses países álibis para justificar a importação de médicos. E já colhe os frutos da iniciativa, com o aumento da aprovação popular. E agora, doutores?
Fonte: Folha de São Paulo – Coluna da Prof.
Claudia Collucci 11/09/13
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