Pela primeira vez, o Brasil
vai traçar um perfil da saúde da população com base em exames laboratoriais. O
levantamento fará parte da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), proposta pelo
Ministério da Saúde em parceria com o IBGE, que analisará detalhadamente as
amostras de sangue e urina de 16 mil brasileiros para detectar em especial as
principais doenças crônicas no País.
O
Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, será o responsável por organizar as
coletas, coordenando as redes de laboratórios para garantir a padronização dos
exames. Graças a uma parceria firmada neste ano com o ministério, o hospital
deve arcar com os custos da logística envolvendo as coletas em todas as regiões
do País, por meio da renúncia fiscal de cerca de R$ 5 milhões.
As 16
mil pessoas que serão submetidas ao hemograma e à coleta de urina integram o
total de 80 mil domicílios, divididos em cerca de 1,6 mil municípios, que a PNS
deve passar.
Todos
os entrevistados responderão a um extenso questionário sobre hábitos de saúde e
as condições sociais da população e terão peso, altura e pressão registrados.
“É
fundamental entendermos as necessidades da população. O alvo da pesquisa são
todas as doenças, com base no que o indivíduo tem feito no dia a dia”, afirma o
médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, superintendente do Sírio-Libanês.
Vecina Neto: "Precisamos chegar nesses 16 mil brasileiros espalhados pelo país". |
Para
Vecina Neto, o questionário é fundamental para definir as demandas de saúde,
além de oferecer um panorama que complemente os bancos de dados já existentes.
Ele também ajudará no direcionamento das políticas públicas, de acordo com as
necessidades constatadas no inquérito.
Logística.
O grande desafio do projeto não será a realização do exame, mas sim a
logística, segundo o médico. “Precisamos chegar nesses 16 mil brasileiros
espalhados pelo País e realizar os exames de forma adequada, com profissionais
devidamente treinados.”
Os
laboratórios responsáveis pelos exames ainda não foram definidos, mas, de
acordo com Vecina Neto, serão dois grandes nomes do setor. A
coleta deve começar a ser feita em março e não há prazo final para a conclusão.
Os resultados, que consiste no cruzamento dos dados do questionário com os
exames laboratoriais, devem ficar prontos cerca de um ano após o término das
entrevistas.
Hospital Sírio-Libanês de SP será responsável pela organização da coleta dos exames |
Realizada
como um material extra de saúde do Plano Nacional por Amostra de Domicílio
(Pnad) entre 2003 e 2008, a PNS deve se tornar um dos estudos oficiais do IBGE
a partir de 2013. A expectativa do ministério é de que a PNS seja realizada a
cada cinco anos, utilizando a experiência do IBGE no levantamento de dados.
“As
dimensões avaliadas no Pnad não eram alteradas no curto prazo. Agora teremos um
questionário muito mais amplo, além de incorporar pela primeira vez as medições
e os exames de sangue e urina”, destacou o secretário de Vigilância em Saúde,
Jarbas Barbosa.
Custos.
Além dos R$ 5 milhões que serão utilizados pelo Sírio-Libanês para a realização
dos exames, estão previstos mais R$ 15 milhões de investimentos por parte do
ministério.
Fonte: O Estado de São Paulo
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