Frequentemente estamos fazendo operações de débito e crédito |
"Débito",
segundo o entendimento popular, é associado à ideia de dívida — "Eu devo
algo para alguém", enquanto que "crédito" transmite comumente a
ideia de valor a receber — "Eu tenho um crédito com alguém". Essa interpretação
vulgar dos termos veio da maneira como se fala no dia a dia, ou seja, do uso
popular reiterado dos mesmos com essas noções. Mas o que acontece de fato é que
"débito" e "crédito" são termos técnicos contábeis, ou
seja, termos usados na contabilidade para se efetuar um registro contábil,
cumprindo-se, assim, com o princípio das partidas dobradas, ou com a forma
contábil de registro. Na verdade, os termos "débito" e
"crédito" são expressões utilizadas para dar entendimento aos atos
praticados pelos gestores de uma pessoa jurídica e facilitar os registros
contábeis.
Quando fazemos compras estamos fazendo débitos |
Para
facilitar o registro, em todos os fatos monetários, é necessário questionar o
que a pessoa jurídica possui, o que ela tem, o que ela conseguiu com aquela
ação. Assim, para responder a esses questionamentos, se convencionou adotar o
termo "débito". Então, "débito" é tudo aquilo que pertence
à pessoa; as "coisas" que essa pessoa possui; tudo aquilo que é dela.
Ora, como tudo aquilo que se tem veio de algum lugar, esse lugar foi apelidado
de "crédito". Então, "crédito" é a origem, e responde como
a pessoa conseguiu aquilo que ela possui, aquilo que é seu. "Crédito"
é a fonte, a procedência do "débito". Se eu possuo algo, é porque
obtive essa "coisa" de algum modo. O "crédito" responde como,
de onde, e por que conseguimos o que possuímos.
Ao recebermos dinheiro estamos tendo créditos |
Ora,
se "débito" e "crédito" são expressões técnicas usadas para
se efetuar os registros contábeis, por que as pessoas associam
"débito" à ideia de dívida e "crédito" à de valor a
receber? Como dissemos anteriormente, essas noções vieram da maneira como esses
termos foram divulgados popularmente. A divulgação sempre se dá em relação à
outra pessoa — "Eu devo para alguém". Observe-se que o
"débito" é em relação à outra pessoa — a alguém. Logo, é esse alguém
que tem algo a receber de mim. O "débito" pertence a ela, e não a mim.
"Debita-se" em minha conta. Acrescenta ao saldo que devo a ela. É a
outra pessoa que tem a receber de mim. O "débito" está contido na
contabilidade dela. O mesmo se dá com o "crédito". A ideia comumente
transmitida diz respeito ao valor a receber. No entanto, o "crédito",
por ser uma origem, quem tem a receber é a outra pessoa. É a outra pessoa que é
a proprietária da "dívida" (do "crédito"). É ela que irá
pagar o valor. "Eu tenho um 'crédito' junto a Pedro". Logo, Pedro me
deve. O "crédito" está contido nos registros de Pedro, pois Pedro,
para dever algo para mim, recebeu alguma "coisa". A "coisa"
recebida por Pedro é o "débito", e a origem desse "débito",
que sou "eu", é o "crédito".
Os saques no caixa de banco são operações de débito |
Autor: Prof. Salézio Dagostim
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