A ortorexia é a obsessão por comida saudável |
Preocupação excessiva com a alimentação pode significar muito mais que
simples cuidado com a saúde. Pessoas que evitam diversos grupos de alimentos por
considerá-los impuros, isolam-se para não cair em tentação ou pensam
obsessivamente em comida podem sofrer de um transtorno alimentar, a ortorexia
nervosa. Apesar de recentemente nomeada, estima-se que 6% da população mundial
sofram da obsessão por comer saudável.
Maria Del Rosario, diretora Científica
do Departamento de Transtornos do Comportamento Alimentar da Associação
Brasileira de Nutrologia (Abran), afirma que a preocupação começa de forma
moderada, porém ganha contornos obsessivos com o tempo.
Dra. Maria del Rosário, da Abran |
— Na ortorexia (ortho significa correto
e orexis, apetite) o paciente limita a variedade dos alimentos e acaba
excluindo grupos importantes sem fazer a substituição adequada, o que pode
levar à deficiência de ferro, cálcio — diz.
Atletas e profissionais da área da saúde
são os mais afetados pela obsessão, que leva ao pensamento contínuo em relação
à comida, cálculo de calorias e nutrientes, além de programação constante das
refeições. Para evitar os alimentos menos saudáveis, considerados até mesmo
como impuros, os ortoréxicos acabam se isolando e evitam eventos sociais para
não fugir da dieta rígida.
O psiquiatra Bruno Barros já atendeu
alguns casos de ortorexia nervosa e afirma que os pacientes dificilmente
reconhecem que têm o transtorno:
— Eles têm autoestima elevada porque
consideram que são melhores que as demais pessoas por se alimentarem de forma
saudável, o que dificulta a procura por tratamento. Em contrapartida, têm
sensação de culpa, porque se cobram muito e dificilmente conseguem seguir a
dieta rígida.
A gaúcha Ana Hickmann colhe verduras em sua própria horta |
O tratamento inicia com identificação do
que levou à obsessão, porém não há um padrão, já que as motivações são
variadas. Pode ser um problema de autoestima, com o término de relacionamento,
ou até mesmo a busca por perder peso.
— Às vezes alguma coisa dá errado e o
paciente projeta na alimentação a necessidade de controle. Precisamos trabalhar
com ele para que seja mais flexível e menos dogmático em relação à comida.
Um dos pacientes de Barros começou a
comer apenas produtos orgânicos. Depois, com receio dos alimentos que poderiam
ser contaminados, começou apenas a consumir produtos de sua horta e nada mais.
A comida passa a ser o centro da vida do paciente e de sua identidade.
O tratamento é multidisciplinar e inclui
psicoterapia. Em alguns casos, dependendo da presença de sintomas de depressão
e ansiedade, pode ser necessária medicação temporária.
Teste de Bratman
O teste de Bratman, médico
americano que em 1997 deu nome à ortorexia nervosa, pode ser um indicativo para
identificar se o paciente sofre de distúrbio alimentar. Cada item afirmativo
vale um ponto. Se a pontuação é superior a cinco pode significar que sofre de alguma obsessão para se alimentar de forma saudável. É
importante ressaltar que o teste é apenas uma orientação e o diagnóstico deve
ser realizado por um profissional.
1. Passa mais tempo que o habitual (mais de três horas) com pensamentos
em relação à comida ou no planejamento das comidas?
2. Planeja suas refeições
com vários dias de antecipação?
3. Limita a variedade de alimentos excluindo certos grupos sem a
substituição adequada?
4. Considera que o valor nutritivo é mais importante que o prazer que a
comida oferece?
5. Sente controle excessivo ao evitar a tentação das comidas "não
saudáveis". Acredita que esteja tudo sob controle quando come de forma
saudável?
6. Evita comidas que antes desfrutava?
7. Critica aos outros que não comem "corretamente"? Sente um
complexo de superioridade em relação a sua "perfeita e saudável
dieta"?
8. Sente culpa por ter que comer alimentos que considera "impuros ou
não saudáveis".
9. Sua dieta se transforma num problema quando deve comer fora ou com
outras pessoas? Reduz a qualidade de vida social?
10. Sente satisfação em comer de forma correta?
Fonte:
Diario Catarinense – 28.03.15
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