O brasileiro Alexandre Lopes, Professor do Ano da Flórida, foi
recebido na terça-feira, dia 23 de abril, com todas as honras pelo presidente
Barack Obama na Casa Branca, em Washington. Ele foi um de quatro finalistas do
título de “Professor do Ano dos Estados Unidos”. Infelizmente, não levou
o prêmio. O título foi para Jeff Charbonneau, professor de química, física e
engenharia no estado de Washington.
Mas
seu caminho até aqui é uma grande vitória, e daqui para frente será ainda mais.
Alexandre
agora vai terminar o doutorado e voltar para os seus alunos e ao programa de
inclusão na sala de aula que o levou a essa trajetória de sucesso.
Durante este ano que vestiu a “coroa” de Embaixador de Educação
da Flórida, Alexandre deixou sua marca e o mais importante, conseguiu
transmitir uma mensagem não só de inclusão na educação especial, mas de
tolerância e aceitação de ideias – e principalmente, do convívio entre
diferentes pessoas.
Alexandre: "Meus alunos são brancos, negros e amarelos." |
Sua
voz ganhou força e ele espera poder transmitir sua visão ainda mais, aqui e no
Brasil, através de palestras, de um blog e um livro que está escrevendo sobre
sua vida, uma história de inspiração, motivação e superação. Alexandre
está negociando com algumas editoras para publicação em português e inglês.
Lutei muito para chegar até aqui. Jamais esperei que o “aqui”
tornar-se-ia a Casa Branca. Pensava, simplesmente, que o “aqui” seria um
momento de auto-aceitação, um estado de felicidade e uma sensação de trabalho
cumprido.
No entanto, aqui estou: satisfeito, feliz, e tive o prazer de apertar
a mão do Presidente Barack Obama. Trabalho cumprido? Ainda não. Ainda tenho
muito a fazer. Para falar a verdade, a sensação de trabalho cumprido só virá
quando sentir-me digno de minha própria morte. Ainda não sou digno dela. Porém,
um dia serei. E quando esse dia chegar, dormirei tranquilo, deixando para trás
um mundo mais compreensivo, mais carinhoso e mais inclusivo.
Quando
vejo o carinho e a compreensão que meus alunos têm uns com os outros, vejo que
a inclusão é não somente possível como também saudável para todos. Meus alunos
são brancos, negros e amarelos. Eles entram na escola falando inglês, espanhol,
português ou outra língua ou dialeto. Eles vêm de famílias com estruturas
diversas. Eles têm autismo ou não. Por mais variados que sejam, eles têm pelo
menos uma coisa em comum: eu.
Troféu que Alexandre recebeu das mãos do presidente Barack Obama |
Cabe a mim implementar um programa onde, ao longo dos anos, meus
alunos e eu aprendemos a confiar uns nos outros, a respeitar uns aos outros e a
aceitar que tudo é possível. Juntos, aprendemos as matérias acadêmicas,
aperfeiçoamos nossa motricidade fina e nossa integração sensorial, praticamos
nossas técnicas de relaxamento e implementamos o currículo social. Não importa
quem somos: Todos seguimos em frente juntos.
Quero
ver todos os meus alunos – sejam eles quem forem – atingirem o seu potencial –
seja ele qual for – e assim, aos poucos, um a um, fazer com que nossa sociedade
não só enxergue como também aceite o potencial máximo individual que todos
temos. Quando penso nas nossas diferenças, nas nossas deficiências, nos
nossos preconceitos, pergunto-me até que ponto eles são “nossos”? Até que ponto
nossas deficiências não são parcialmente socialmente construídas, e assim,
nossas oportunidades, destruídas? Será que nossas diferenças, sejam elas
quais forem, não são geradas por normas sociais restritas e absolutas?
Sinto-me, às vezes, inocente como meus alunos. Porém, inocente ou não, tento
transmitir diariamente a visão de mundo na qual acredito: Se construíssemos
nossa percepção social de uma maneira mais flexível e mais compreensiva,
seríamos menos preconceituosos, mais cheios de compaixão, mais livres e,
consequentemente, mais felizes.
Acho que ganhei o titulo de Melhor Professor da Flórida não só
pelo meu preparo e capacidade profissional como também por essa minha inocência
e determinação de transformar o mundo, pessoa por pessoa, criando em cada uma
delas um pouquinho mais de tolerância.
Sinto-me
privilegiado de ter chegado até aqui e conseguido, nessa jornada dos últimos
meses, transmitir minha visão de vida e de mundo. Continuarei sempre lutando
pelo meu ideal de uma sociedade mais justa, mais compreensível, mais flexível e
mais inclusiva.
Alexandre ganhou um "Toyota zero" e uma bolsa de estudos na Nova University dos EUA. |
O
desejo de aproximar-me cada vez mais desse ideal é muito maior do que minha
ambição por qualquer premiação. Ele só não é maior do que o carinho e a
gratidão que sinto pelas adoráveis crianças de três, quatro e cinco anos de
idade que dia após dia reforçam o meu desejo de tornar-me uma pessoa melhor e
mostram-me a beleza de uma diversidade cultural, social e humana.
A
vida nem sempre é justa. Porém, ela é bela e merece ser bem vivida. Todos
nós merecemos um lugar no sol. Só nos resta aprender a brilhar juntos.
Para acompanhar os próximos
passos do professor Alexandre Lopes, visite sua página no Facebook.
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